Jovem espera 14 anos e é adotado por casal em seguida vai morar na França

C1D4B003-6212-464E-8BE7-EB9135637BC8
PATROCINADO
Candidatos para cursos técnicos em Silves devem se inscrever a partir desta sexta-feira, dia 5 de abril. São...

Manaus – De um lado o desejo de A.M.M.G, 59 anos, de ser mãe, e do outro o de C.H., 14 anos, de fazer parte de uma nova família. O mesmo sonho, separado por 8.302 quilômetros, a distância entre Manaus e Le Vésinet, cidade nos arredores de Paris, onde A.M.M.G vive com o marido há 15 anos. As dificuldades em aproximar o sonho de A.M e C.H foram vencidas por meio do Projeto Encontrar Alguém, lançado há um ano pela Coordenadoria de Infância e Juventude (Coij), do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e que ajuda na busca ativa de famílias para as crianças de difícil colocação, por não se enquadrarem no perfil normalmente indicado pelos pretendentes à adoção. Atualmente, o projeto tem 21 crianças cadastradas e, com o caso C.H., chega ao número de cinco adoções.

A audiência de adoção de C.H. foi realizada na manhã desta quarta-feira (17), pela coordenadora da Coij e titular do Juizado da Infância e Juventude Cível, juíza Rebeca de Mendonça Lima. “Mais uma ação de sucesso em um ano. É o quinto caso de criança e adolescente que nós conseguimos inserir em uma família por meio do ‘Encontrar Alguém’. O objetivo do projeto é exatamente esse, encontrar uma família para essas crianças e adolescentes que estão nos abrigos. Hoje, tivemos uma amostra de que todo o esforço; a nossa ideia de conscientização e de divulgação da história dessas crianças e adolescentes têm sido positivo”, avaliou a juíza, explicando que o trabalho é feito em parceria com o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) e a Defensoria Pública do Estado (DPE-AM).

“Realmente, estamos muito satisfeitos com esse resultado e novos casos estão se concretizando, caminhando para um bom desfecho, o que demonstra que o projeto está valendo a pena; que estamos conseguindo sensibilizar as pessoas que não tinham acesso à história dessas crianças e, além de tudo, garantido o direito à convivência familiar desse grupo, que era nossa principal intenção”, afirma Rebeca de Mendonça Lima.

Segundo a juíza, outros pais habilitados estão chegando para ter esse estágio de convivência com as crianças em outros processos, incluindo um casal cujo interesse é adotar um grupo de seis irmãos, com idades entre 5 e 17 anos.

Acompanhamento

O processo de adoção de C.H. foi acompanhado pelo MPE-AM, por meio das 27.ª e 28.ª Promotorias de Justiça da Infância e Juventude, representadas pelas promotoras de Justiça Nilda Silva de Souza e Vânia Marques Marinho, respectivamente, além da Defensoria Pública do Estado, representada pelo defensor da Infância e Juventude, Mário Lima Wu Filho.

A promotora de Justiça Nilda Silva de Souza explicou que a atuação de todos foi essencial para realização do sonho concretizado na audiência desta quarta-feira. “Ficamos muito felizes porque cada criança dessa, com a qual vamos tendo convívio ao longo do ano, é uma pessoa com quem a gente também cria um laço de afetividade. Então, quando a gente vê essa criança ou esse adolescente encaminhado, ainda mais no caso do C., que sempre sonhou em ter uma família, e a gente vê a concretização desse sonho, é um sonho que a gente também alcançou e fica muito feliz, muito feliz”, relatou a promotora de Justiça.

Para o defensor público Mário Wu, da Defensoria Especializada na Infância e Juventude, essa adoção é mais um motivo para se comemorar os 29 anos da Lei n.º 8.069/90, mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), completados no último domingo, dia 14 de julho. “Um dos principais méritos do ECA foi oportunizar a chamada adoção tardia e a adoção por casais homoafetivos”, destacou o defensor, lembrando que a ideia que muitos têm de um perfil para as crianças a serem adotadas, só dificulta encontros de vida como o de A.M.M.G e C.H.

História de empatia

Foi um ano inteiro (2018) de etapas legais e avaliações, com o apoio das 27.ª e 28.ª Promotorias de Justiça da Infância e Juventude, da Defensoria Pública da Infância e Juventude e da equipe da Aldeia SOS Manaus (organização filantrópica, sem fins lucrativos), local de onde foi enviada a foto do adolescente C.H. para a futura mãe.

Ele estava em situação de acolhimento desde os seis anos de idade, oriundo de Coari (370 quilômetros de Manaus). “Minha vida com meus pais biológicos não era muito boa e minhas duas irmãs foram adotadas lá na cidade por duas famílias. Vim para Manaus de barco, perdi o contato com elas. Vivi na Aldeia SOS desde os sete anos”, conta C.H. No ano passado, já inserido no projeto, ele viajou para a França a fim de conviver com os pais adotivos e se deparou com outra realidade e o idioma desconhecido. “No começo foi estranho, mas se você se interessar pode aprender outra língua. Minha mãe disse que vou estudar em uma escola com dois idiomas”, disse o adolescente, que revelou a pretensão de seguir carreira como médico veterinário.

A.M.M.G sonhava com a maternidade desde a adolescência. “Eu tinha 17 anos quando quis, pela primeira vez, adotar uma criança abandonada, mas eu não poderia adotar, a criança ficou um tempo em nossa casa até encontrar uma família e esse desejo de adoção vem desde essa época”. Ela conta que casou tarde e teve abortos espontâneos. “Para mim não importava, filho biológico ou filho adotivo, não importava a idade para adoção. Meu marido não era muito favorável, chegamos à habilitação para adotar, mas ele acabou tendo dúvidas. Foi quando eu disse a ele que, quando aparecesse uma criança na minha vida, eu adotaria sozinha, e ele concordou comigo. Nesse ínterim, a habilitação foi aprovada e, sem sucesso, tentamos adotar uma criança menor”, diz a mãe adotiva. “No mês de junho de 2017, começamos a avaliar a adoção de uma criança de mais idade, pois o importante é a transmissão, o educar e deixar transmitir tudo o que a gente conhece e sabe. Transmitir o amor. Foi quando vi uma foto do meu filho (C.H) e conheci o projeto ‘Encontrar Alguém’ e fiquei encantada. Pensei, ‘esse é meu filho’”, relata A.M.M.G. ao revelar que C.H. adora quando o pai adotivo conta essa história.

Após os primeiros contatos por mensagens e fotos, a mãe veio encontrar o filho adotivo pessoalmente. “Ele me chamava de tia e me apresentava a todos como ‘minha mãe’. Eu fiquei no Brasil e depois, no telefone, ele já me chamou de mãe e eu pensava que demoraria para ele se acostumar. Em outubro de 2018, houve uma audiência da qual participei pelo Skype e ele pediu a minha bênção, todos os presentes se emocionaram”, conta. Na mesma audiência a promotora Nilda sugeriu que o menino fosse para a França conhecer a família.

O projeto

Coordenadoria da Infância e Juventude apresenta o projeto “Encontrar Alguém” como uma estratégia de “busca ativa” de famílias para crianças de difícil colocação em famílias substitutas. O projeto divulga, de forma responsável e padronizada imagens (fotográficas ou por vídeo) e informações (textos) sobre crianças/adolescentes inseridos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), sem perspectiva de adotantes pretendentes.

Além das instituições já citadas, o projeto conta com o apoio das oito unidades de acolhimento da cidade de Manaus e do Grupo de Apoio aos Pais Adotivos do Amazonas (GAPAM).

SEJA UM MEMBRO APOIADOR DO IMEDIATO

PATROCINADO
Ao longo de toda a história do Site Imediato Online, a comunidade sempre esteve presente, sendo a principal...

Últimas atualizações sobre benefícios

O COVID-19 NO AMAZONAS HOJE