Manaus – AM | O professor da rede pública estadual, o indígena munduruku Ytanajé Coelho Cardoso, de 28 anos, é autor do livro “Canumã: A travessia”, Ytanajé que busca dar voz aos povos que habitam a aldeia Kwatá, no município de Borba. O livro é uma mistura de ficção com lembranças da infância dele na região.
O livro foi publicado pela Editora Valer, no ano de 2014, e surgiu a partir das pesquisas de graduação de Ytanajé.
O edital foi lançado na última quarta-feira (17), na programação do Abril Indígena da Escola Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas (ENS/UEA).
O indígena é professor da Escola Estadual José Bernardino Lindoso, e conseguiu alinhas no livro o romance e a língua ancestral do povo Munduruku. “Ester Cardoso, moradora do rio Canumã e que celebrou 100 anos de vida na semana passada, é uma das poucas a falar a língua de sua tribo no Amazonas. Tudo isso tem se perdido ao longo do tempo e não tem sido documento como deveria”, afirmou.
O romance, conta a história de uma família Munduruku que vive na aldeia Kwatá e lpara conseguir uma vida melhor se vê obrigada a mudar para a sede do município. “Antes de saírem, entretanto, eles ouvem muitas lembranças de seus próprios avós (anciões). São eles os verdadeiros contadores de histórias das comunidades – o que não veremos mais depois que eles morrerem”, contou.
O escritor decidiu materializar as histórias vividas para alcançar alguns objetivos. “Resolvi documentar os últimos falantes da nossa região porque, enquanto os Mundurukus do Pará e do Mato Grosso falam, temos aqui apenas os anciões – que são poucos. Preocupado com a perda dessas vozes ancestrais, usei uma das estratégias para manter esta tradição viva: a ficção”, ressaltou.
O professor ainda afirmou que o principal foco é contra as histórias vividas em sua vida. “A literatura indígena precisa ir além, mas também é importante que a gente consiga mostrar nossa história para nós mesmos. Conhecer a nossa história é uma forma de resistência”, destacou.
O lançamento de “Canumã: A travessia” faz parte do evento ‘’Abril Indígena’’, realizado pela ENS/UEA, e custa R$ 49.