Manaus – AM | Hoje é comemorado o “Dia Mundial da Água”. A data serve de reflexão para os problemas que envolvem o líquido mais precioso da terra. Entre essas questões, os especialistas alertam sobre importância da conservação dos rios.
Estima-se que 75% da água do Brasil está localizada nos rios da Bacia Amazônica. Devido a essa aparente abundância, muitos vezes o recurso é tratado como se jamais fosse acabar, mas a importância da preservação é fundamental.
“O Rio Amazonas ele vai ser responsável por vinte por cento (20%), praticamente, da água de superfície que está entrando no Oceano Atlântico. Então, a nossa responsabilidade seria de preservar essa água, já que nós somos extremamente privilegiados por tê-la aqui, e de tão fácil acesso.”, disse a pesquisadora da Coordenação de Dinâmica Ambiental, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Domitila Pascoaloto.
Em Manaus, o Igarapé da Água Branca, o único de água pura na cidade, localizado na região do Tarumã, é exemplo de conservação do leito, e também das florestas que margeiam o igarapé, que tem 7 quilômetros de extensão.
O jornalista e ativista ambiental, Jó Farah, explica que o igarapé também serve de área de estudos e de educação ambiental. “Diferente dos outros igarapés da cidade, nós temos a explicação sobre porque o igarapé da Água Branca está vivo. É porque ele tem florestas nas margens desde a nascente até a foz. Ele é totalmente protegido por florestas primárias, as florestas de Áreas de Proteção Permanente (APP). Sem essas florestas não haveria essa água, não haveria esse igarapé.”, explicou o ativista.
O igarapé também conta com várias nascentes que são fundamentais para a existência do seu leito. “Esse igarapé abriga centenas de nascentes, que, quando chega a época do verão, elas ficam jogando água como se fosse torneiras abertas, jogando água no leito do igarapé e ele nunca seca e nunca perde a qualidade boa da água. Esse é o ‘milagre urbano’ que acontece em Manaus. Tem um igarapé vivo, com água limpa, com água oxigenada, fria e corrente, e que a gente luta muito para não deixar ele morrer.”, ressaltou Jó Farah.
Apesar do exemplo de preservação do Igarapé da Água Branca, a maioria dos igarapés de Manaus estão completamente poluídos. Segundo dados da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), em 2108, a prefeitura precisou gastar quase 15 milhões de reais para retirar mais de 9 mil toneladas de lixo na limpeza de igarapés.
Ações
No Dia Mundial da Água, nesta sexta-feira, a programação das atividades promovidas pela prefeitura de Manaus contará com a apresentação de um diagnóstico realizado por estudantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sobre o comportamento das pessoas residentes no entorno do Parque Municipal Nascentes do Mindu, no bairro Cidade de Deus, Zona Leste, em relação ao descarte de resíduos. O objetivo é promover uma reflexão sobre o papel da comunidade na preservação do igarapé e a unidade de conservação que protege suas nascentes. Haverá também distribuição de mudas de plantas e árvores.
No local, também acontecerá uma ação socioambiental voltada para os moradores das comunidades do entorno do parque, a partir das 9h, seguida do abraço simbólico às águas das nascentes do Igarapé do Mindu. Neste sábado, 23, também no Nascentes do Mindu, haverá uma manhã de atividades lúdicas para as crianças e os jovens da comunidade.
O igarapé do Mindu tem 16 quilômetros de extensão, atravessando 12 bairros da capital como marco divisor da cidade em Leste e Oeste. Em mais 4 quilômetros, juntamente com outros afluentes, carrega para o Rio Negro toneladas de lixo, resíduos, entulhos e esgoto.
Fórum das Águas
Já a programação promovida pelo Fórum das Águas, teve, na tarde desta quinta-feira, 21, uma mobilização com cartazes e faixas educativas para chamar a atenção da população sobre o tema. E, nesta sexta-feira, dia 22, haverá abraço simbólico da nascente do Igarapé do Tarumã, no bairro Jorge Teixeira, zona Leste, às 9h.
O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de Fevereiro de 1992. O objetivo era de alertar a população mundial sobre a preservação dos bens naturais e, sobretudo, da água. O planeta terra é composto por 70% de água, porém somente 0,7% é potável.
